Postagens

Mostrando postagens de abril, 2016

TALVEZ O ÚLTIMO DESEJO

Exercício coletivo da Roda - Raquel de Queiroz "Pergunta-me com muita seriedade uma moça jornalista qual é o meu maior desejo para o ano 1950 (...). Me deitar numa rede branca armada debaixo da jaqueira, ficar balançando devagar para espantar o calor, roer castanha de caju confeitada sem receio de engordar, e ouvir na vitrolinha portátil todos os discos de Noel Rosa, com Araci e Marília Batista. Depois abrir sobre o rosto o último romance policial de Agatha Christie e dormir docemente no mormaço. Mas não faço. Queria tanto, mas não faço. O inquieto coração que ama e se assusta e se acha responsável pelo céu e pela terra não deixa. De que serve, pois, aspirar à liberdade? O miserável coração nasceu cativo e só no cativeiro pode viver”. Aspiramos à liberdade, mas as redes que aprisionam muitas vezes são as mesmas que nos embalam. As mesmas redes em que nos aninhamos confortáveis. Embora quase nunca esse conforto seja ausência de dor. Ele é só um conformar-se, um e