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Mostrando postagens de abril, 2018

A MULHER QUE AMAVA AS PALAVRAS

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Carolina Geaquinto Machado de Assis ensina que as palavras têm sexo, amam-se umas às outras, casam-se. O casamento delas é que se chama estilo. E o casamento de uma pessoa com uma palavra, como se chama? De vez em quando, me vem à cabeça uma palavra que não sei direito o que quer dizer. Resolvo logo ir ao dicionário, o fiel companheiro, ainda que às vezes traiçoeiro. Pois um dia resolvi procurar “chorumela” (não me pergunte por quê...). Acabei descobrindo que, primeiro, “chorumela” pode ser uma coisa de pouco valor, uma ninharia. Mas o sentido que estava realmente procurando, aquele da expressão “não me venha com chorumelas” é o que está registrado como um regionalismo do Rio Grande do Sul, ou seja, um discurso monótono, uma lengalenga (outra palavra muito divertida). Mas eis que, no meio do caminho, quer dizer, das páginas, encontrei “chumbregar”. Foi paixão à primeira vista! Essa sonoridade extravagante, brega mesmo como está na própria palavra, me encantou. Mas nã

Cacos

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Eliana Gesteira “ ... A palavra fere, machuca, dói. Proferida no calor aquecido por mágoas ou ira, penetra como uma flecha envenenada. Perdura no sentimento dilacerado e reboa, por um tempo que parece infinito, na mente atordoada pelo jugo que se impõe. Só o coração compassivo, e a meditação livram a mente de rancores e imunizam-nos da palavra maldita".  Frei Beto em O ofício de escrever.

PALAVRAS Maria Júlia

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  A partir de um texto de Frei Beto em O ofício de escrever   “...Vivemos sob o signo da palavra. Unir palavra e corpo é o mais profundo desafio de quem busca coerência na vida. Há políticos e religiosos que primam pela abissal distância entre o que dizem e o que fazem. E há os que falam pelo que fazem. A palavra fere, machuca, dói. Proferida no calor aquecido por mágoas ou ira, penetra como uma flecha envenenada. Perdura no sentimento dilacerado e reboa, por um tempo que parece infinito, na mente atordoada pelo jugo que se impõe. Só o coração compassivo, e a meditação livram a mente de rancores e imunizam-nos da palavra maldita.     Machado de Assis ensina que as palavras têm sexo, amam-se umas às outras, casam-se. O casamento delas é que se chama estilo.” ------------------------------   As palavras faltam. As palavras sobram. Há os que falam por falar, já que o som da própria voz reforça egos ávidos da chance de se apropriarem dos hiatos e reticências al