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Mostrando postagens de abril, 2017

MEL

Eliana Gesteira Reescrito por Carolina Geaquinto Estava à espreita no parapeito da janela desde o início da manhã, até que acabou indo se sentar na almofada jogada no fundo da sala. Lá não ficou nem cinco minutos. Andou daqui para ali, percorreu os vãos entre as cadeiras e, por fim, se agachou e colocou a cabeça no chão. Depois de um tempo, a barriga roncando, procurou alguma coisa para comer, mas como a comida não lhe apetecia, acabou indo dormir. Ao se deitar de lado, viu no assoalho um brinquedo mastigado sem muito entusiasmo e de repente resolveu brincar consigo mesma. Então coçou a orelha, se cheirou, mordeu um dedo, coçou a barriga e enfiou a cabeça entre as pernas, posição em que ficou por quase uma hora.  De repente percebeu um perfume no ar. Levantou num salto e correu em direção ao quarto, onde parou um instante antes de decidir se subia na cama ou mexia nos chinelos largados. Revirou primeiro um e em seguida o outro, mas desistiu e foi procurar as cobertas

GEOLOGIA

Carolina Geaquinto Reescrito por Maria Júlia Abreu de Souza  Minha irmã já foi palmeira. Eu, rocha. Mais precisamente, o morro Pão de Açúcar. A explicação é genealógica, meu pai se chama Pedro que vem do latim que veio do grego que veio possivelmente da palavra aramaica para pedra – Kepha. Minha mãe se chama Alvanir, um sinônimo de alvanel – aquele que constrói, pedreiro – que vem do árabe al-banná. Não sei por que minha irmã saiu palmeira, talvez por ser a mais alta e a mais morena da família.  Vindo da pedra e do pedreiro, eu, Carolina, uma versão latinizada do germânico karl – que significa homem forte e doce. E nascida no dia do padeiro, só posso ter sido o Pão de Açúcar.  Mas não é só. Também sei que já fui pedra, pois logo me reconheci entre os meus pares. O Frade e a Freira no Espírito Santo. As pedras de Stonehenge. O empilhamento de pedras do meu marido. Tadásana, a postura da montanha. Os concretos de Brasília. Todas fazem minhas veias vibrar. Sinal de que

DE PEDRA... DE AVE...

 Inez Helena Muniz Garcia Texto reescrito por Vaneska Mello Por ser de lá do interior, do mato, da pedra, da anta preta, Ita-peruna, algumas vezes, sou pedra que voa, em outras, ave com asas de pedra. Curso Normal, Científico, meados anos 70. Graduação: comecei na Geografia, fui para a Matemática,1980. Professora: matemática e física, 1983. Depois, Letras, Português/Inglês e suas literaturas,1984.  Vim tanta areia, andei.  Vida de bancária, desde 1975 - Rio Grande do Norte, Brasília, Minas Gerais, Niterói, Rio de Janeiro. Militâncias? Sindicais, político-partidárias, pastorais.  De pé, ó vitimas da fome!/De pé, famélicos da terra!/Da idéia a chama já consome/A crosta bruta que a soterra. Bem unidos façamos,/ Nesta luta final,/ Uma terra sem amos/  A Internacional. Especialização? Em Recursos Humanos. Minha vida é andar por esse país. Cursos de formação de alfabetizadores de jovens e adultos, BB Educar, Brasil adentro: PA, MA, PI, CE, RN, BA, DF, MG, RJ, SP, PR e RS. Viram essa mara