TEXTO INTIMISTA: VESTES, VESTIDOS, VASTAS SENSAÇÕES
Maria Júlia Povoado de babados azuis, sianinhas, plissados, confeccionado pela minha querida madrinha, o vestido era de organdi rosa e me fazia parecer um pudim de romã ou um bolo confeitado para festa junina. Nada tinha a ver comigo. Aos dez anos de idade, eu achava que merecia algo menos infantil. Mas não ousei rejeitá-lo e com ele compareci, toda emperiquitada de sapatos e bolsas cor de rosa, ao casamento de uma prima. Creio que foi a partir daí que passei a desdenhar o costume de vestirem as meninas de cor de rosa, bem como certas imposições da moda que, nos vêm, em geral, dos grands couturiers. À propósito, implico também com a profissão de modelo, com a prescrita anorexia das moças, as caras, caretas e bocas que ostentam na passarela. Existirá algo mais artificial? Eu admirava, isso sim, os vestidos das minhas tias, feitos pelas costureiras que iam lá em casa medir, provar, opinar. Lindos godês, cinturas definidas, golas grandes , mangas curtas, estampados delicados,...