E A CHUVA CONTINUA CAINDO
Eliana Gesteira Cabelos espalhados no ar e saia esvoaçante em mãos que em vão se esforçavam. Um assobio forte, seguido de um ruído de coisa quebrada, assustou uma jovem. Sob seus pés voavam pedaços de vida esquecidos na rua durante aquele dia quente de setembro. Embora o mundo estivesse preste a desabar, a jovem, que os amigos chamavam Bia, encontrava-se sentada no banco da praça desde o início da tarde, quando o céu sobre sua cabeça passou de um azul claro brilhante para um pesado cinza escuro. “Preciso me acalmar”, disse a si mesma. Mas o dia anterior insistia em surgir como um pesadelo que não acabava nunca e calma, definitivamente, era algo que Bia não desejava ter naquele momento. Apesar de sua obstinação em não sair do lugar, quando os primeiros pingos de chuva começaram a cair sobre sua cabeça e a molhar seu rosto, ela não teve escolha. Correu contra o vento e foi encontrar abrigo num restaurante no outro lado da rua. Enquanto corria, lhe ve...