FRESTA PARA O INCONSCIENTE

Lidia liacora

Um dia...seu sonho teve uma outra qualidade.

Antes mesmo de abrir os olhos, ela sacudiu seu companheiro que dormia ao lado. 

"Fui mordida por uma lontra!", disse, com ênfase , embora nao totalmente acordada.  Minutos depois, já desperta, pensou no sonho e ficou bastante surpresa: a palavra "lontra" nao fazia parte de seu vocabulário e nem lembrava de já ter visto tal bicho! No entanto, era muito nítida a cena : o animal com as unhas compridas, cravadas no antebraço dela, espetando-lhe a carne. Os olhos, grandes e brilhantes, cravados nos olhos dela.  Não era olhar de maldade, mas um olhar atento. E nao era uma "mordida", como falara ao companheiro. Lembrava ainda que o animal tinha o pelo marrom avermelhado, meio reto, tipo cabelo alisado e sem caimento. Ela nao sabia o que fazer, se puxasse o braço, podia se ferir muito...

Nessa indecisão, acordou. Ficou o dia todo matutando: como podia sonhar com uma lontra, um animal que nem conhecia? Pelo menos conscientemente. Nem sabia se existia no Brasil. No sonho, a imagem parecia com a de uma cotia. Então, por que falou "lontra", em vez de "cotia"?

Foi logo ao Google para confirmar  a imagem do sonho e, para sua surpresa, era aquele mesmo o animal.

Passou o dia pensando na história.  Queria tanto que Diego fosse seu interlocutor para ajudar a entender aquele sonho! Ela precisava saber o que seu inconsciente estava querendo revelar. Percebia que o sonho era uma chave . Diego era um homem pratico e achava uma besteira perder tempo decifrando sonhos.  "Esquece isso! É apenas um sonho! Nao fica encucada!/  sonhos nao tem essa importância que você dá!  Fica pensando, pensando..." 

Ela acreditava que, alguns sonhos podiam nao significar nada,  mas outros , eram verdadeiras fontes de auto-conhecimento. Estava muito desconfiada de que era o caso. O que seu inconsciente escondia naquela alegoria? 
 Nos dois dias seguintes , querendo saber se  "lontra" era comum para outras pessoas, perguntou até à profissional que lhe tirou sangue para exame: "você sabe o que é uma lontra?" Chegou a conclusão que pouquíssimas pessoas conheciam. Uma das respostas foi " já vi uma lontra marinha".

Enfim lembrou de procurar o simbolismo da lontra (imagine se lontra vai ter simbolismo, ela pensou)/  procurou na internet e, para sua infinita surpresa, descobriu que a lontra é considerado animal sagrado e de proteção , em muitas culturas. E, embora se identificasse muito com a sabedoria dos índios, nunca tinha ouvido falar em baralho xamânico  e, viu que uma das cartas... era a Lontra!  Achou que aquele poderia ser o canal certo, para o recado do inconsciente. Leu o significado e tudo fez sentido. Era o que precisava ouvir naquele seu momento de vida, cheia de medos e pensamentos pessimistas, , como se a lontra, segurando forte no seu braço , estivesse dizendo "você precisa me escutar!"

Leu o que dizia na carta e transcreveu, em um papel de seda, a parte do texto que mais a tocou. Dobrou e passou a andar com ele como se fosse um talismã.

                 

A Lontra nos ensina a viver sem medo, sendo feliz e deixando fluir a nossa intuição. Ela nos lembra que devemos ser como crianças, esbanjando alegria e sinceridade.
                 

Procure passar pela vida com a suavidade e flua com as águas do Universo, não esquecendo de ter sempre pensamentos alegres e  positivos.

Procure ser desapegado, pense nas outras pessoas em suas necessidades e elimine os pequenos sofrimentos cotidianos que lhe são desnecessários.

Deixe-se envolver pela alegria da Lontra permitindo que o Grande espirito toque você.

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