A MULHER QUE AMAVA AS PALAVRAS

Carolina Geaquinto Machado de Assis ensina que as palavras têm sexo, amam-se umas às outras, casam-se. O casamento delas é que se chama estilo. E o casamento de uma pessoa com uma palavra, como se chama? De vez em quando, me vem à cabeça uma palavra que não sei direito o que quer dizer. Resolvo logo ir ao dicionário, o fiel companheiro, ainda que às vezes traiçoeiro. Pois um dia resolvi procurar “chorumela” (não me pergunte por quê...). Acabei descobrindo que, primeiro, “chorumela” pode ser uma coisa de pouco valor, uma ninharia. Mas o sentido que estava realmente procurando, aquele da expressão “não me venha com chorumelas” é o que está registrado como um regionalismo do Rio Grande do Sul, ou seja, um discurso monótono, uma lengalenga (outra palavra muito divertida). Mas eis que, no meio do caminho, quer dizer, das páginas, encontrei “chumbregar”. Foi paixão à primeira vista! Essa sonoridade extravagante, brega mesmo como está na própria palavra, me encantou. Mas nã...