UM SONHO DE VIAGEM

Elaine Morais

Da janela do avião as nuvens pareciam de algodão doce. Lá embaixo o Atlântico azul marinho, calmo. Quebrei o vidro e sai voando, a curiosidade tomou conta e decidiu conferir se a paisagem era verdadeira. De dentro do avião parecia um filme, uma tela de tv. Uma vez lá fora via o avião a direita, à esquerda o azul e branco, vasto. Mergulhei no mar de nuvens, primeiro tentando tocá-las e percebi que se desmanchavam ao toque. Assim como passar as mãos pelo vapor, só que frio. Embaixo de mim havia uma nuvem que parecia espessa, como uma gaivota planeei até ela e pousei. Ela me sustentou então me deitei. Depois rolei, da direita pra esquerda até sua borda, e de volta, várias vezes até ficar tonta. Dei cambalhotas, fiz castelos de nuvem, me enterrei nela. Senti sede então juntei uma bola de nuvem nas mãos que fechei como uma concha até ela se derreter e a bebi. Cansada aprontei um travesseiro e um cobertor de nuvem e dormi. Foi um sono calmo, acordei em meio às estrelas que brilhantes. A minha frente a Lua crescente bela. Dei um salto e me segurei na ponta da sua borda. A pele da Lua estremeceu ao toque. Com cuidado escalei até chegar ao ponto onde queria me sentar, aquele ponto onde as costas se encostam na curvatura da Lua. Então cantei “... Lua, lua, lua, por um momento, meu canto contigo compactua...” Passamos a noite admirando as estrelas e vimos o Sol nascer. Foi um espetáculo magnífico. Deslizei da ponta da Lua e lhe soprei um beijo, então voei de encontro ao Sol nascente até me derreter nos seus raios. Virei poeira de estrelas...