LETRAS E SONHOS
Elisa Sharland As letras vão preguiçosamente sobrevoando o papel, até que de repente, a primeira começa a pousar e, suavemente se aninha em um lado do papel. Olhando para ela agora, parece com uma criança que, deitada no chão, folheando uma revista, finge ler. Com seus pezinhos para o alto, deitada de bruços, presta muita atenção aquelas páginas que estão à sua frente mas, não sai do lugar. Assim também a letra, observando o papel, à espera de alguém que lhe dê algum sentido. Não se move, talvez sentindo a pressão de alguma expectativa que a está a observar. Precisa ter alguma reação para dar continuidade ao seu primeiro impulso mas, nada acontece. A letra insiste em permanecer na sua solidão e a criança, em sua ilusão. Ambas, se abstraem do mundo e deixam fluir o seu pensamento cada uma com seu sonho, cada uma com sua história. Onde vão parar? _ Não sei. Cada uma está em seu lugar, isoladas, mas quem sabe, se ambas, num impulso momentâneo, se juntam...