LETRAS E SONHOS

Elisa Sharland


As letras vão preguiçosamente sobrevoando o papel, até que de repente, a primeira começa a pousar e, suavemente se aninha em um lado do papel.



Olhando para ela agora, parece com uma criança que, deitada no chão, folheando uma revista, finge ler.


Com seus pezinhos para o alto, deitada de bruços, presta muita atenção aquelas páginas que estão à sua frente mas, não sai do lugar. Assim também a letra, observando o papel, à espera de alguém que lhe dê algum sentido.


Não se move, talvez sentindo a pressão de alguma expectativa que a está a observar. Precisa ter alguma reação para dar continuidade ao seu primeiro impulso mas, nada acontece.


A letra insiste em permanecer na sua solidão e a criança, em sua ilusão. Ambas, se abstraem do mundo e deixam fluir o seu pensamento cada uma com seu sonho, cada uma com sua história.


Onde vão parar?


_ Não sei.


Cada uma está em seu lugar, isoladas, mas quem sabe, se ambas, num impulso momentâneo, se juntam e deixam florescer o que está no pensamento da menina, viajando para o papel, transformando o imaginário em real.

Comentários

  1. Texto muito inspirado!/ mas acho que vale a pena reescrever o ultimo parágrafo/ está muito longo e isso afetou o ritmo do texto/ Letras e Sonhos, poético e deixa entrever, com delicadeza, a menina que mora dentro de você/
    Lidia Liacora

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  2. Um pouco de poesia nas letras e nos movimentos da menina. No início pensei que fosse falar pessoalmente na falta de inspiração, mas não, era outro o tema." A letra, observando o papel, à espera de alguém que lhe dê algum sentido."Bonito.
    M.Julia

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  3. Seu texto é muito visual. Pude ver as letras sobrevoando o papel, até que suavemente uma única se aninha a espera de alguém que lhe de um significado.Como a criança solitária, a letra busca seu sentido...um desenho animado, colorido, alegre, mas também triste e melancólico.

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  4. Quem dera pudéssemos, menina Elisa, seguir esse seu caminho traçado sobre a cumplicidade das crianças com a arte, já que brincam e criam como se uma coisa só fosse.

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