IDENTIDADE

Angela Fleury

Nossa identidade, quem somos, do que gostamos e qual é o nosso lugar nesse mundo, não diz respeito somente a nós mesmos. Ela é parte fundamental de nossa interação com o mundo e orienta a maneira como as outras pessoas se comportam diante de nós. O modo como nos apresentamos e nos expressamos reforça nossa identidade e determina como seremos tratados. Aquilo que, por exemplo, inicialmente pode parecer uma decisão simples e corriqueira, como a escolha de como iremos nos vestir, termina por determinar se seremos ou não aceitos em diferentes grupos sociais, se conseguiremos esse ou aquele emprego, se somos merecedores de promoção e respeito ou de desprezo. Nossas decisões e escolhas terão consequências psicológicas, sociais, políticas e econômicas.

Uma simples peça do vestuário pode significar respeito para uns e opressão para outros. É o caso do véu islâmico, conhecido como Hijab, que usado pelas mulheres muçulmanas no Ocidente, como parte da fé Islâmica, vem se tornando uma questão bastante polêmica. Existem vários tipos de véus, mas o Hijab, que cobre apenas os cabelos e o colo da mulher, sem esconder o rosto, tem sido cada vez mais adotado pelas jovens muçulmanas na Europa e na America do Norte. 

Recentemente, esse simples lenço de cabeça, ou echarpe, tem causado um grande alvoroço. Alguns países, como a França, até proibiram o seu uso em escolas e muitos outros debatem a proibição em bancos e prédios públicos. Entretanto, é cada vez maior o número de mulheres que começaram a usar o Hijab, como uma afirmação de sua identidade, como uma questão de orgulho e comprometimento religioso. Um simples pedaço de tecido levantando difíceis questões.

O significado do uso do Hijab parece ser um tema bastante controverso. Quando nos deparamos com uma mulher com os cabelos cobertos por um véu islâmico, o que pensamos? Religiosidade? Dignidade? Símbolo de obediência e modéstia? Submissão? Preservação? Respeito? Identidade? Liberdade? Opressão?

O que faz com que eu seja quem eu sou? Aquilo que eu gosto? Aquilo que eu não gosto? Minha nacionalidade? Minha cor? A maneira como fui educada? Minha língua? Minhas crenças? Minha fé? Minhas roupas?

A questão da identidade é uma questão complexa. Mas todos deveriam ter o direito de escolher a maneira como querem se vestir. Mas, não há dúvida de que estamos enviando uma mensagem quando vestimos essa ou aquela peça do vestuário. 

Comentários

  1. Gostei muito do texto. Li e fiquei pensando no tema abordado. O tema da imagem. Como trabalho com moda, é comum para mim folhear livros da moda de diferentes decadas, nao só no vestir mas tambem no comportamental. Penso q essa decada atual esta marcada por uma conciencia como nunca de como nos projetamos e como manipular nossa projeçao. Isto é muito interessante e sob alguns aspectos bastante assustador. Parabens por levantar essas questoes tao atuais no seu texto!

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  2. Muito boas reflexões e questionamento sobre o que representamos na escolha de roupas, estilos, acessórios e na abordagem do tema atual, como você.bem colocou:"Um simples pedaço de tecido levantando difíceis questões". Fico também assustada com a projeção da imagem e sua manipulação, vale tudo neste jogo..

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  3. Texto politicamente comprometido, que nos mostra aspectos simbólicos do preconceito. Ao falar de uma veste, o Hijab, a autora nos levou a pensar na riqueza de culturas que conhecemos tão poucos, mas pelas quais temos tanta opinião. Muito bom.

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  4. Muito interessante o tratamento do tema e a forma como, ao final, a autora aborda o paradoxo entre a liberdade de ser quem somos (nos vestindo como nos aprouver) e o compromisso de adequação à sociedade através da vestimenta.
    Vaneska

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