O ANIVERSÁRIO AZUL
Elisa Maria Rodrigues Sharland
Ela saiu devagar, esvoaçante e feliz, iria encontrar aquele, que acreditava ser, seu primeiro amor. Era o dia de seu aniversário e tinha certeza de que não havia nada mais festivo e merecedor de celebrações do que amores e aniversários.
Os dois num único dia!
Era o primeiro encontro. Aquele que tinha sido tão desejado e sonhado por mais de dois anos. Agora se tornaria realidade. Quanta expectativa...
O que seria que a esperava?
Haviam marcado o encontro num restaurante que ela não conhecia. Sabia que não teria nenhum problema, o restaurante ficava numa das ruas mais movimentadas da cidade e perto do Teatro Municipal.
Quando lá chegou, sua respiração quase parou, surpresa pela beleza e suntuosidade do lugar. Lustres de cristal brilhavam, dançando com a iluminação que, delicadamente, decorava o imenso salão.
As mesas, elegantemente arrumadas, com tantos talheres, pratos, taças e flores que quase se sentiu uma princesa, pronta para o baile. Sentou-se em uma das cadeiras, conduzida por aquelas mãos macias e suaves que contrastavam com a força da personalidade daquele homem. Estremeceu, ao sentir aquelas mãos em seu braço.
Seu sorriso tímido e ingênuo denunciava a ansiedade que brotava de sua alma, mas ele, já bem mais experiente do que a doce princesa, começou a conversar, como se fossem amigos que se conheciam há muito tempo. Primeiro falaram sobre os encantos do mar, lugar onde haviam se conhecido. Ambos apaixonados pela beleza do azul e dos infinitos tons e semitons que a natureza, numa brincadeira com as águas, criou, unindo-os ao céu e ao sol, colorindo ainda mais o cenário, que foi testemunha daquele amor que, surgira de repente e por um desses acasos do destino. Tanta gente numa praia e, subitamente seus olhares haviam se entrelaçado. Que olhar...
Conversaram também sobre livros. Amavam a literatura, histórias, poesias, ah! Fernando Pessoa, Júlio Diniz, Eça de Queiroz e até mesmo Shakespeare foi convidado para o almoço. Foram tantos assuntos que, aos poucos, um e outro, se permitiram ao desvelamento daquilo que mantinham escondido na rotina de suas vidas.
E assim, sem se tocarem, ficaram conversando, sobretudo, com os olhos, que deixavam transparecer tudo aquilo que lhes vinha na alma.
O tempo corria e os dois, enternecidos, sem se darem conta, se aproximavam e, num instante, seus lábios se tocaram, autorizando aquilo que eles tanto hesitavam.
Um doce beijo, e, num enlaçar de braços, ele tocou em seu vestido, de seda, azul, translúcido, suave e macio como toda aquela história que soube transformar um acaso do mar em tempo para amar.
Bonito,poético e suave esse teu relato romântico, contado aos poucos culminando no azul do vestido, no amor e no mar. Gostei!
ResponderExcluirO texto é suavidade do início ao fim. Uma forma muito feminina e delicada de contar a história de um romance em seus primórdios. O azul do vestido, o azul do mar e o acaso de amar...pura poesia!
ResponderExcluirVaneska