SAPATOS PARA QUE TE QUERO

Sonia Andrade

Não há nada que exerça maior fascínio sobre as mulheres do que sapatos. Simples peça de vestuário, que deveria apenas complementar o visual feminino, tornou-se objeto de desejo da maioria. Se só temos dois pés, porque precisamos de tantos sapatos? Difícil saber. Atire o primeiro chinelo a mulher que nunca se pegou olhando para o armário repleto de pares, em  dúvida sobre qual escolher  no  momento.

Desde crianças ouvimos contos de fadas, como o da Cinderela, em que o Sapatinho de Cristal é personagem quase mais importante que o Príncipe. Afinal, ele só aparece na história por causa do sapatinho perdido pela princesa. Imelda Marcos, esposa de um ex-ditador das Filipinas, ficou famosa por causa dos seus incontáveis pares de sapato que teve que deixar para trás quando fugiu para o exílio. Abandonar os sapatos parece ter sido mais doloroso para ela do que deixar o  país.

A primeira peça do enxoval do bebê costuma ser, simbolicamente, o sapatinho de tricô feito pelas avós. Mais tarde, o sapato de salto alto, marca a passagem para a adolescência. Saltos altos são símbolos de elegância e feminilidade, mas precisamos de diferentes modelos para diferentes ocasiões, desde a sandália rasteira para a praia até modelos sofisticados para ocasiões formais. Por isso, precisamos de tantos. Um modelo para cada ocasião e para cada estado de espírito.

Mas, apesar da paixão pelos calçados, bom mesmo é ficar livres deles quando chegamos em casa, depois de um dia cansativo. Lembro-me de uma amiga que depois de ficar horas no baile, usando saltos agulha, demorava para se livrar deles ao chegar em casa. Dizia que isso aumentava a sensação de alívio ao se descalçar. É uma ideia meio sem pé nem cabeça, ou será sem sapato?


Comentários

  1. Crônica divertida e verdadeira, Sonia. Eu,que só posso usar sem salto, ainda fico enlevada diante das vitrines vendo aqueles saltos. Mesmo de sandália rasteira, adoro tirá-las e andar descalça em casa. fAlou.

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  2. Crônica divertida e verdadeira, Sonia. Eu,que só posso usar sem salto, ainda fico enlevada diante das vitrines vendo aqueles saltos. Mesmo de sandália rasteira, adoro tirá-las e andar descalça em casa. fAlou.

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  3. Muita divertida a crônica que reflete exatamente a relação da maioria das mulheres com seus inúmeros pares de sapato. Entretanto, sinto-me quase no direito de atirar o primeiro chinelo, pois, pessoalmente tenho uma relação de ódio com os sapatos - todos, a exceção dos tênis, me machucam rs. Sinto-me porém, completamente contemplada no último parágrafo, realmente é um dos enormes prazeres na vida livrar-se de sapatos incômodos.
    A forma como o tema foi abordado, pincelando de Imelda Marcos a Cinderela foi uma ótima condução!
    Vaneska

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  4. Obrigada pelos comentários. Eu também tenho problemas com sapatos, assim como a Vaneska. Até tênis me incomodam algumas vezes.

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  5. Que bom que o sapato nao ficou fora desta Roda! Um texto harmonioso e divertido , no ponto certo. Você vai lendo e quando vê já terminou, como aquele chocolate favorito... Parabens pela escolha do tema. Realmente o sapato exerce esse fascinio aditivo para muitas mulheres e fetichista para muitos homens.
    Tao importante o tema do conforto, que os gringos usam aquela expressao "to be in your shoes" para designar sentir-se na pele do outro. Quem já aguentou um sapato incomodo? É um martirio...

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