Ela e Arnaldo
Vaneska M. Terça-feira normal, de uma semana comum, de um mês ordinário. Ela pega o ônibus de sempre, destino: trabalho. Não usual mesmo só o recém adquirido hábito de acompanhar-se do Arnaldo pra espantar o tédio do viagem. Arnaldo, recém-organizado, na playlist do celular tinindo de novo. Ele canta baixo pra ela, num sonzinho quase de vitrola: _ “ela quer viver sozinha sem a sua companhia e você ainda quer essa mulher...” Surge talvez um saxofone, o som aumenta de repente. Ela e Arnaldo vão começar o animado bate-papo! Aquele instrumento de comunicação, porém, não se restringe à prosa com Arnaldo. O telefone toca. Toca a música. Como atender se Arnaldo ainda tá ali? Num ímpeto desastrado, saca os fones do aparelho. O som íntimo e reservado toma conta do ônibus inteiro: _”ela goza com o sabonete não precisa de você ela goza com a mão não precisa do seu pau” _Porra, Arnaldo! Canta baixo! Para de cantar! Não me core de vergonha. Como ...